04.01.2009, Dulce Furtado JORNAL PÚBLICO
A presidência checa do bloco dos Vinte e Sete convoc
ou para segunda-feira uma reunião de crise, mas mantém que não irá mediar quaisquer negociações para a resolução do conflito
A Ucrânia lançou ontem sinal de alarme para a União Europeia (UE), prevendo que o conflito gasífero que trava desde há três dias com a portentosa vizinha Rússia venha a causar "problemas graves" nas transferências daquele combustível para o território dos Vinte e
Sete dentro de pouco mais de semana e meia.
As primeiras baixas no nível dos abastecimentos foram sentidas já ontem por quatro países europeus, pela primeira vez desde que a gigante gasífera estatal russa Gazprom cortou o gás à Ucrânia a 1 de Janeiro, ao mesmo tempo que nem Moscovo nem Kiev davam sinais de empenho na resolução da disputa. Antes azedaram mais ainda a troca mútua de acusações.A Rússia acusa a vizinha república ex-soviética - que pende para o Ocidente desde a "revolução laranja" de 2005 e tem aspirações de aderir à NATO - de estar a desviar gás para seu próprio consumo daquele que é destinado aos consumidores europeus.
Kiev nega e contra-ataca com a acusação de "chantagem energética" e de que é a Gazprom que não está a encher os gasodutos com combustível suficiente para o sistema funcionar.
As perdas assinaladas pela Bulgária, Roménia, Polónia e Hungria eram ainda ligeiras ontem, não afectando a distribuição, nem pondo em risco os consumos em cada um dos países, graças também aos volumes de gás natural que a UE tem armazenado.
Face a um cenário que evoca as quebras vividas no Inverno de 2006 - fruto de contenda similar, então centrado num aumento dos preços ditado pela Rússia à Ucrânia - a UE convocou para depois de amanhã uma reunião de crise em Bruxelas, justificando-o com a "escalada da situação". Mas ficou claro também que a presidência checa da UE, assumida na passada quinta-feira, não quer desempenhar um papel de mediador nessas negociações.
"Agir com justiça"
Moscovo, cujo colosso energético abastece 18 países europeus, incluindo oito como fornecedor exclusivo e três dos principais Estados da UE - Alemanha, Itália e França - em mais de 25 por cento do seu consumo, sustenta persistentemente que a contenda com a Ucrânia é puramente comercial. E apresentou ontem uma queixa no tribunal internacional arbitral de Estocolmo, para forçar Kiev a assegurar as transferências de gás para a Europa.
O fecho da torneira foi justificado com uma dívida por pagar de mais de dois mil milhões de dólares (incluindo 600 milhões de juros de mora) e a não assinatura de contrato para 2009.
A Rússia pedia, até ao colapso das negociações na quarta-feira, novos preços de 250 dólares por milhão de metros cúbicos de gás - valor que fez disparar drasticamente há dois dias para 418 dólares (mais do dobro dos 179,50 dólares pagos pela Ucrânia em 2008, mas mesmo assim abaixo dos 500 dólares pagos pela generalidade dos países da União Europeia). Kiev, a braços com uma brutal crise financeira e mergulhado em profunda instabilidade política, diz-se incapaz de poder pagar aqueles valores.
"Não nos queremos intrometer na cozinha da UE, mas se a organização quer obter uma efectiva segurança energética, este é o melhor momento para pôr em prática os instrumentos legais da Carta da Energia de forma a influenciar a Ucrânia", afirmou o vice-presidente da Gazprom, Alexander Medvedev, em conferência de imprensa em Praga, pouco antes de se reunir com o vice-primeiro ministro checo, Alexandre Voga. "É hora de agirem com justiça", instou.
As primeiras baixas no nível dos abastecimentos foram sentidas já ontem por quatro países europeus, pela primeira vez desde que a gigante gasífera estatal russa Gazprom cortou o gás à Ucrânia a 1 de Janeiro, ao mesmo tempo que nem Moscovo nem Kiev davam sinais de empenho na resolução da disputa. Antes azedaram mais ainda a troca mútua de acusações.A Rússia acusa a vizinha república ex-soviética - que pende para o Ocidente desde a "revolução laranja" de 2005 e tem aspirações de aderir à NATO - de estar a desviar gás para seu próprio consumo daquele que é destinado aos consumidores europeus.
Kiev nega e contra-ataca com a acusação de "chantagem energética" e de que é a Gazprom que não está a encher os gasodutos com combustível suficiente para o sistema funcionar.
As perdas assinaladas pela Bulgária, Roménia, Polónia e Hungria eram ainda ligeiras ontem, não afectando a distribuição, nem pondo em risco os consumos em cada um dos países, graças também aos volumes de gás natural que a UE tem armazenado.
Face a um cenário que evoca as quebras vividas no Inverno de 2006 - fruto de contenda similar, então centrado num aumento dos preços ditado pela Rússia à Ucrânia - a UE convocou para depois de amanhã uma reunião de crise em Bruxelas, justificando-o com a "escalada da situação". Mas ficou claro também que a presidência checa da UE, assumida na passada quinta-feira, não quer desempenhar um papel de mediador nessas negociações.
"Agir com justiça"
Moscovo, cujo colosso energético abastece 18 países europeus, incluindo oito como fornecedor exclusivo e três dos principais Estados da UE - Alemanha, Itália e França - em mais de 25 por cento do seu consumo, sustenta persistentemente que a contenda com a Ucrânia é puramente comercial. E apresentou ontem uma queixa no tribunal internacional arbitral de Estocolmo, para forçar Kiev a assegurar as transferências de gás para a Europa.
O fecho da torneira foi justificado com uma dívida por pagar de mais de dois mil milhões de dólares (incluindo 600 milhões de juros de mora) e a não assinatura de contrato para 2009.
A Rússia pedia, até ao colapso das negociações na quarta-feira, novos preços de 250 dólares por milhão de metros cúbicos de gás - valor que fez disparar drasticamente há dois dias para 418 dólares (mais do dobro dos 179,50 dólares pagos pela Ucrânia em 2008, mas mesmo assim abaixo dos 500 dólares pagos pela generalidade dos países da União Europeia). Kiev, a braços com uma brutal crise financeira e mergulhado em profunda instabilidade política, diz-se incapaz de poder pagar aqueles valores.
"Não nos queremos intrometer na cozinha da UE, mas se a organização quer obter uma efectiva segurança energética, este é o melhor momento para pôr em prática os instrumentos legais da Carta da Energia de forma a influenciar a Ucrânia", afirmou o vice-presidente da Gazprom, Alexander Medvedev, em conferência de imprensa em Praga, pouco antes de se reunir com o vice-primeiro ministro checo, Alexandre Voga. "É hora de agirem com justiça", instou.
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